domingo, 6 de julho de 2014

Jorge Palma - Encosta-te a mim






Jorge Manuel de Abreu Palma - nascido em Lisboa, a \4 de Junho de 1950 - é um músico, cantor e compositor português.

Biografia

1956-1966
Aos seis anos - ao mesmo tempo que aprendia a ler e a escrever - iniciou os seus estudos de piano. Foi no Conservatório Nacional que teve a sua primeira audição, aos oito anos, numa altura em que era aluno de Maria Fernanda Chichorro. Aos doze, venceu o seu primeiro prémio, o segundo lugar, com atribuição de uma menção honrosa do júri, no Concurso Internacional de Piano, integrado no Festival das Juventudes Musicais, em Palma de Maiorca. Nos seus estudos cruzou-se com o Liceu Camões, em Lisboa, e um colégio interno, situado em Mouriscas, perto de Abrantes. Durante a adolescência, a par da formação erudita, começou a interessar-se pelo rock’n’roll, e, de um modo geral, pela música popular americana e inglesa. É por esta altura que descobre a guitarra. Bob Dylan, Led Zeppelin e Lou Reed são algumas das suas influências.

1967-1971
Em 1967, no Algarve, integra o grupo Black Boys, tocando órgão. Esta primeira experiência profissional, na companhia de músicos de Santarém, durou cerca de seis meses e foi interrompida por uma aparição “oportuna” do seu pai, num dos bares em que o grupo tocava, num momento em que a experiência já se estava a esgotar, culminando no regresso a Lisboa e aos estudos secundários.

De 1969 a 1971, enquanto estudava Engenharia na Faculdade de Ciências de Lisboa (numa altura em que “o geral podia-se fazer ou no Técnico ou na Faculdade de Ciências”), integra o grupo pop-rock Sindicato, como teclista e cantor. Do grupo faziam parte Rão Kyao, Vítor Mamede, Edmundo Falé, João Maló, Rui Cardoso e Ricardo Levi. Para além dos covers de bandas de rock americanas e inglesas (Led Zeppelin, Stephen Stills, Chicago, Blood Sweat and Tears, entre outros), o grupo compôs originais, em língua inglesa. A entrada de uma secção de metais encaminha-os para uma estética de fusão entre o Jazz e o Rock. Em 1971, gravaram o single "Smile", que tinha no lado B "SINDIblues Swede CATO'S Shoes", uma versão do standard de rock’n’roll "Blue Suede Shoes", de Carl Perkins. No mesmo ano, deram o seu último concerto na primeira edição do Festival Vilar de Mouros.

1972-1974
A estreia a solo de Jorge Palma ocorreu com o single "The Nine Billion Names of God" (1972), título de um conto de Arthur C. Clarke e inspirado também no livro "O Despertar dos Mágicos", de Louis Pauwels e Jacques Bergier. Por esta altura, iniciou uma colaboração com José Carlos Ary dos Santos, que o ajudou a aperfeiçoar a sua escrita poética, e com quem estabeleceu uma relação aluno-mestre. “O ano de 1972, 1973, até ao Verão, até Setembro, esse ano e meio foi de convívio intenso com o Ary, sobretudo. Quase todas as noites estávamos juntos” Deste contacto resultou o EP "A Última Canção" (1973), com quatro composições de Jorge Palma, duas delas com letras de Ary dos Santos.
Ainda em 1972, realizou uma viagem transcontinental passando pelos Estados Unidos, Canadá e Caraíbas. Neste mesmo ano abandonou os estudos de Engenharia.
Em Setembro de 1973, recusando cumprir o serviço militar obrigatório, e, consequentemente, embarcar numa guerra para o Ultramar, parte para a Dinamarca, com Gisela Branco, sua primeira mulher, onde lhe foi concedido asilo político. Como afirmou na entrevista a Cristiano Pereira, do Jornal de Notícias de 22 de Setembro de 2002: "Com licença, meus amigos, mas para a guerra não vou."
Na Dinamarca, trabalhou como empregado num hotel. Em simultâneo, compunha e escrevia letras, participando, por vezes, em programas de rádio onde apresentou composições suas e de outros intérpretes da Música Popular Portuguesa (MPP).

1974-1979
Regressou a Portugal após o 25 de Abril de 1974, iniciando uma carreira como orquestrador, entre 1974 e 1977, na indústria discográfica. Fez arranjos para fonogramas de Pedro Barroso, Paco Bandeira, Francisco Naia, Rui de Mascarenhas, Tonicha, João Vaz Lopes, Valério Silva, Adelaide Ferreira e dos agrupamentos Intróito e Maranata. Participou como instrumentista em gravações de José Barata Moura e José Jorge Letria, entre outros.
Em 1975, concorreu ao Festival RTP da Canção com "O Pecado Capital", uma composição sua em co-autoria com Pedro Osório, defendida em dueto com Fernando Girão, e "Viagem", uma composição de Nuno Nazareth Fernandes com letra sua. Ficaram classificadas em 7º e 8º lugares, respectivamente, num total de dez canções concorrentes.
Nesse ano, gravou o seu primeiro LP, "Com uma Viagem na Palma da Mão", para a Valentim de Carvalho, com canções compostas durante o exílio político em Copenhaga.
Depois da gravação do seu segundo trabalho discográfico - 'Té Já (1977)- e de uma digressão ao Brasil como músico de Paco Bandeira, partiu em viagem, cantando e tocando guitarra nas ruas de várias cidades espanholas (1977) e francesas (1978-1981), nomeadamente Paris, interpretando repertório de compositores de música popular americana, como Bob Dylan, Crosby, Stills and Nash, Leonard Cohen, Neil Young, Simon & Garfunkel, entre outros.
Em 1979, viveu alguns meses em Portugal, morando no Ninho das Águias, junto ao Castelo de S. Jorge, em Lisboa. Grava "Qualquer Coisa Pá Música", o seu terceiro álbum de originais, com membros do grupo acústico O Bando, seguindo-se uma série de actuações a solo e com o referido grupo. Uma dessas actuações foi a 1ª parte do concerto do grupo The Pirates, em Lisboa, no pavilhão do Estádio do Restelo.


1980-1989
No início da década de 1980, regressou a Paris, com a sua segunda mulher, Graça Lami, voltando a Portugal em 1982 para gravar o álbum duplo "Acto Contínuo", com gravação prevista ao vivo, mas que acabou por ser gravado em estúdio e num curto espaço de tempo.
Vicente, o seu primeiro filho, nasceu em 1983, a quem dedico a música "Castor", do seu quinto álbum de originais - "Asas e Penas" (1984). De resto, ela é nele “inspirada”, a julgar pelo que consta na capa do registo sonoro, e só não é verdadeiramente instrumental pela sua participação/intervenção. Na sequência deste disco realizou diversos concertos em Portugal, França e Itália.
O ano seguinte é marcado pelo lançamento do seu sexto álbum de originais e um dos mais aclamados da sua carreira, "O Lado Errado da Noite". O single "Deixa-me Rir" é dele extraído e teve um enorme sucesso. Por este álbum, que é definido, por alguns críticos, como “o lado certo de Jorge Palma” ou “Palma de Ouro”, recebe o “Sete de Ouro” e o “Troféu Nova Gente”, tendo realizaso uma longa tournée por Portugal e Ilhas, sendo a sua primeira grande apresentação em Lisboa no espaço da Aula Magna da Universidade de Lisboa, ainda que tenha participado num concerto anterior, no mesmo local, organizado por estudantes. “Mas foi uma primeira Aula Magna, organizada por estudantes e não teve muita gente.”
Em 1986, concluiu o Curso Geral de Piano no Conservatório Nacional1 e gravou o seu sétimo álbum de originais – "Quarto Minguante", marcado por alguns problemas com e editora. O jornal Blitz de 1 de julho de 1986 chega a falar do projecto "Onde Vais Tu Esta Noite", que seria um misto de documentário e ficção sobre a vida do cantor, mas era uma altura em que esse tipo de trabalhos não tinha tanta visibilidade e apoios.
Os anos seguintes foram marcados pela frequência do antigo Curso Superior de Piano do Conservatório Nacional , onde foi aluno da compositora Maria de Lourdes Martins.
Em 1989, edita "Bairro do Amor", considerado pelos jornais Público e Diário de Notícias como um dos álbuns do século XX da música portuguesa. Este trabalho marca a saída da editora EMI - Valentim de Carvalho, que recusou a edição deste álbum (o próprio concorda que essa primeira versão não fosse a melhor), e a passagem para a PolyGram.
Compondo, escrevendo letras, fazendo arranjos e desempenhando a direcção musical nas gravações dos seus fonogramas, foi acompanhado por músicos com experiência em diversos domínios musicais, como o pop-rock, a MPP, a música improvisada, a música erudita e o jazz, dos quais se salientam Carlos Bechegas, Carlos Zíngaro, Edgar Caramelo, Guilherme Inês, Jorge Reis, Júlio Pereira, Rui Veloso, Zé Nabo, José Moz Carrapa, Zé da Ponte e Kalu, entre outros.

1990-1999
Durante a década de 1990, suspendeu a gravação de composições originais para se dedicar à reinterpretação da sua obra, participando regularmente noutros agrupamentos, realizando gravações para intérpretes próximos de si, compondo música para teatro, bem como preconizando inúmeros concertos pelo país, que se traduziram num aumento significativo da sua popularidade, sobretudo junto do público mais jovem.
Em 1991, foi editado "Só", um álbum intimista, no qual JP revisita temas antigos, a solo e ao piano, e que foi gravado “sem rede”, isto é, voz e piano em simultâneo. Este trabalho foi premiado com um “Sete de Ouro” e o Diário de Notícias considerou-o, uma vez mais, um dos álbuns do século XX.
O álbum Ao Vivo no Johnny Guitar, de 1993, surge na sequência da formação do grupo Palma’s Gang, que reuniu os músicos Kalu e Zé Pedro (Xutos e Pontapés) e Flak e Alex dos Rádio Macau, e que realizou alguns concertos pelo país. Esta é uma segunda revisita à sua obra, mas desta vez num formato eléctrico, já que se tratava de um projecto rock. Participa, também, no álbum "Sopa", dos Censurados, assinando a letra e emprestando a voz a "Estou Agarrado a Ti".
O ano seguinte fica marcado por vários concertos, quer a solo, quer com o Palma's Gang, destacando-se os concertos do S. Luís, a 4 e 5 de Novembro, que viriam, mais tarde, a ser transmitidos pela RTP.
Durante o ano de 1995 continua a realizar concertos por todo o país, passando também pelo Casino Estoril, num formato solo, e com produção musical de Pedro Osório. Integrou, como pianista convidado, o Unplugged dos Xutos e Pontapés, na Antena 3. Foi letrista, compositor e músico em Espanta Espíritos, um álbum em que participaram vários nomes da MPP e que foi produzido por Manuel Faria (ex-Trovante). Participou com o tema "+1 Comboio" em parceria com Flak. Ainda neste ano, nasce o seu segundo filho.
Integrou o agrupamento Rio Grande, em 1996, formado por Tim (Xutos & Pontapés), João Gil (Ala dos Namorados), Rui Veloso e Vitorino, que alcançou uma considerável popularidade, gravando dois CD’s (1996 e 1998).
Ainda em 1996 musicou poemas de Regina Guimarães, integrados na peça de Bertold Brecht "Lux in Tenebris" - levada à cena pela companhia de teatro de Braga - e colaborou com Sérgio Godinho, João Peste, Rui Reininho e Al Berto no espectáculo "Filhos de Rimbaud", apresentado no Coliseu dos Recreios de Lisboa. Foi também director musical do espectáculo teatral "Aos que Nasceram Depois de Nós", baseado em textos de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weill, Hans Eisler e do próprio dramaturgo e que contou com uma composição inédita de Palma ("Do Pobre B.B."). Participa também no álbum Encontros - Canções de João Lóio. É, ainda, em 1996, que a EMI-Valentim de Carvalho lança a compilação Deixa-me Rir, integrada na colecção Caravela, contendo músicas dos álbuns "Asas e Penas", "O Lado Errado da Noite" e "Quarto Minguante".
No ano seguinte, para além dos habituais concertos, colabora no disco Todo Este Céu, de Né Ladeiras, e na colectânea Voz e Guitarra, uma produção de Manuel Paulo (Ala dos Namorados), com a participação de inúmeros artistas, que escolheram e recriaram temas apenas com voz e guitarra. Sai também o segundo álbum dos Rio Grande - Dia de Concerto - ao vivo no Coliseu dos Recreios. Nele se estreia o original de Jorge Palma "Quem És Tu de Novo?", mais tarde incluído em Jorge Palma (2001).
Os anos finais da década de 1990 são marcados por vários concertos. Destacam-se os concertos das queimas das fitas, “Festival Outono em Lisboa”, vários durante a Expo, em nome próprio, em solidariedade para com a Guiné Bissau e como convidado do espectáculo "As Vozes Búlgaras", de Amélia Muge. Participou, também, no álbum de tributo aos Xutos e Pontapés – XX Anos XX Bandas - recriando "Nesta Cidade", acompanhado pela guitarra de Flak, e no álbum Tatuagem, de Mafalda Veiga, no dueto "Tatuagens", que veio a ser single do disco. Visitou também Timor Leste na companhia de Fernando Tordo.

2000-2004
Em 2000, continuou a realizar concertos por todo o país. A Universal lança a colectânea "Dá-me Lume" e que se assume como um êxito comercial (mais de trinta mil cópias vendidas), mantendo-se no top nacional de vendas durante várias semanas. O enorme sucesso deste álbum levou a que o lançamento do novo álbum de originais, entretanto gravado, fosse sendo sucessivamente adiado, acabando por ver a luz do dia apenas em 2001. Ainda em 2000, JP participa no álbum de tributo a Rui Veloso, juntamente com Flak, interpretando "Afurada", para além de ter emprestado a sua voz a "Laura", canção pertencente à banda sonora do tele-filme da SIC, "A Noiva".
Em 2001, é editado o álbum "Jorge Palma", muito bem recebido pela crítica e ainda mais pelo público, ávido de novas músicas depois de doze anos decorridos sobre o lançamento do seu anterior disco de originais. O disco chegou ao terceiro lugar do top nacional logo na primeira semana e foi disco de prata. Dois meses antes, fora reeditado "Acto Contínuo", cuja versão não existia, ainda, em formato CD. Nesse ano, abriu o terceiro dia do Festival Sudoeste e tocou nos Coliseus de Lisboa e Porto, em Novembro, entre outros concertos, escreveu um tema para Mau Feitio, um álbum de Paulo Gonzo, deu a voz a "Diz-me Tudo", música de abertura da telenovela portuguesa da SIC “Ganância” e emprestou o piano a "Fome (Nesse Sempre)", tema dos Toranja para uma compilação da Optimus.
Em 2002, recebeu o prémio José Afonso para o disco "Jorge Palma" e foi nomeado para os Globos de Ouro, promovidos pela SIC, nas categorias de melhor intérprete individual e de melhor música ("Dormia Tão Sossegada"). Deu três concertos em Junho, no Teatro Villaret, acompanhado pelo seu filho Vicente, que foram editados num CD duplo, lançado em Setembro, com o título "No Tempo dos Assassinos - Teatro Villaret - Junho de 2002" e que contém trinta e três temas da sua vasta obra.
Ainda em 2002, os Cabeças no Ar - na prática, os Rio Grande sem Vitorino - lançam um disco.
"Qualquer Coisa Pá Música" é reeditado em CD.
Em 2003 e 2004, a agenda mantém-se preenchida, com muitos concertos pelo país. Prepara, no entanto, um trabalho gravado em sua própria casa em que alia a sua interpretação ao piano à voz de Ilda Féteira, numa incursão pela poesia portuguesa contemporânea. Esta "obra de culto" foi editada a expensas próprias e apresentada na Associação 25 de Abril.
Em Agosto de 2004, gravou, no Porto, o álbum "Norte" que contou com participações especiais de muitos músicos portugueses com quem ainda não tinha trabalhado até então.

2005-Actualidade
Lançou em 2007 o disco "Voo Nocturno".
Em 27 de Novembro de 2008, casou-se com Rita Tomé, a sua namorada de longa data, em Las Vegas ao som de "Encosta-te A Mim". No mesmo ano é editado o disco "Voo Nocturno ao Vivo".
Lançou em 2010 o single "Tudo por um beijo", banda sonora do filme "A Bela e o Paparazzo".



Nota: o presente post recolheu informação da Wikipedia, Youtube e Letras.mus.br





Jorge Palma

Encosta-te a Mim




Encosta-te a mim,
Nós já vivemos cem mil anos.
Encosta-te a mim,
Talvez eu esteja a exagerar.
Encosta-te a mim,
Dá cabo dos teus desenganos
Não queiras ver quem eu não sou,
Deixa-me chegar.

Chegada da guerra,
Fiz tudo p´ra sobreviver, em nome da terra,
No fundo p´ra te merecer
Recebe-me bem,
Não desencantes os meus passos
Faz de mim o teu herói,
Não quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
Estou a partilhar contigo
O que não vivi, hei-de inventar contigo
Sei que não sei
Às vezes entender o teu olhar
Mas quero-te bem,
Encosta-te a mim.

Encosta-te a mim,
Desatinamos tantas vezes.
Vizinha de mim,
Deixa ser meu o teu quintal,
Recebe esta pomba que não está armadilhada
Foi comprada, foi roubada, seja como for.

Eu venho do nada
Porque arrasei o que não quis
Em nome da estrada, onde só quero ser feliz.
Enrosca-te a mim,
Vai desarmar a flor queimada,
Vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
Estou a partilhar contigo, e o que não vivi,
Um dia hei-de inventar contigo
Sei que não sei, às vezes entender o teu olhar,
Mas quero-te bem.

Encosta-te a mim
Encosta-te a mim
Quero-te bem.
Encosta-te a mim.






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