terça-feira, 16 de maio de 2017

Daniela Mercury - Ilê Pérola Negra (O Canto do Negro)






Daniela Mercuri de Almeida Verçosa, conhecida apenas como Daniela Mercury, o seu nome artístico - nascida em Salvador, a 28 de Julho de 1965 - é uma cantora, compositora, instrumentista, produtora musical, actriz e jurada de talent shows luso-brasileira. Na sua carreira a solo, Mercury vendeu mais de 20 milhões de discos em todo o mundo.Vencedora de um Grammy Latino, pelo seu álbum "Balé Mulato - Ao Vivo", recebeu também seis Prémio da Música Brasileira, um prémio pela APCA, três prémios Multishow e dois prémios pelo VMB, de melhor video clip e fotografia. Na televisão, foi jurada e mentora dos talent shows Popstars, Superstar e The Voice Kids Portugal.

Em 1991, Daniela lançou o seu álbum homónimo, que foi seguido por "O Canto da Cidade" um ano depois, alavancando a sua carreira como artista nacional e levando o axé music a patamares nunca antes atingidos. Com o passar dos anos, lançou vários álbuns, gerando grandes singles como "Swing da Cor", "O Canto da Cidade", "À Primeira Vista", "Rapunzel", "Nobre Vagabundo", "Ilê Pérola Negra (O Canto do Negro)", "Mutante", "Maimbê Dandá", "Levada Brasileira", "Oyá Por Nós", entre outros. Gravou também um DVD comemorativo dos 25 anos do Cirque du Soleil e fez parte do Festival de Jazz de Montreal. Além disso, participou num álbum de Alejandro Sanz e cantou com Paul McCartney, na Noruega, durante a entrega do Prémio Nobel da Paz. Em 2013, Daniela lançou, em parceria com a esposa, o seu primeiro livro, "Daniela e Malu: Uma História de Amor".

Biografia

Daniela Mercury é filha de Liliana Mercuri de Almeida, uma assistente social de ascendência italiana, e de António Fernando de Abreu Ferreira de Almeida, um mecânico português. A cantora cresceu no bairro de Brotas com os seus quatro irmãos: Tom, Cristiana, Vânia (que também é cantora) e Marcos. Quando tinha oito anos de idade, começou a estudar dança. Aos treze, após assistir a um show de Elis Regina, decidiu tornar-se cantora, e, aos quinze, começou a apresentar-se em bares.


Carreira


1986–1990: Bloco Eva e Companhia Clic

De 1986 a 1988, Daniela foi backing vocal da Banda Eva quando o grupo ainda era apenas um bloco carnavalesco, tendo-se apresentando apenas nos cinco dias de festa, fazendo base para os vocais principais de Luiz Caldas, Marcionílio e Ricardo Chaves, respectivamente os vocalistas do bloco naqueles anos. Em 1988, tornou-se vocal de apoio da banda de Gilberto Gil e, em seguida, entre os anos de 1989 e 1990, gravou dois álbuns como vocalista da banda Companhia Clic. Com esta, lançou as canções "Pega que Oh!" e "Ilha das Bananas", que fizeram sucesso um tanto ou quanto moderado nas rádios da Bahia. Logo no início da década de 1990, Mercury decidiu partir para uma carreira solo.


1991–94: "Daniela Mercury" e "O Canto da Cidade"

O primeiro álbum de Daniela, o homónimo "Daniela Mercury", foi lançado em 1991 pela gravadora Eldorado. Deste, foram lançadas, para as rádios, as canções "Swing da Cor", o primeiro single de Daniela a chegar ao topo da parada brasileira, e "Menino do Pelô": ambas gravadas com o bloco afro Olodum. No ano seguinte, desligou-se da gravadora e, desde então, produz os próprios álbuns para depois negociar a distribuição dos mesmos com as gravadoras que estejam interessadas. Em 1992, apresentou-se no projecto "Som do Meio-Dia" no Museu de Arte de São Paulo. O show reuniu mais de trinta mil espectadores, o que acabou por deixar o trânsito engarrafado nas imediações do local. Após quarenta minutos de show, Daniela foi retirada do palco por representantes da secretaria de turismo de São Paulo, que, preocupados com a estrutura do museu, obtiveram uma ordem da polícia militar para a retirar do local.

Logo após o show, Daniela foi contratada pela gravadora Sony Music e, através desta, lançou o seu segundo álbum solo, "O Canto da Cidade". O álbum vendeu mais de dois milhões de cópias no Brasil, fazendo com que Daniela se tornasse a segunda intérprete feminina a atingir tal feito. Produziu sucessos como "O Mais Belo dos Belos", "Batuque", "Você Não Entende Nada" e a faixa-título do álbum. Todos alcançaram o topo da parada oficial. As canções "Só Pra Te Mostrar", um dueto com Herbert Vianna, e "Bandidos da América" fizeram um sucesso moderado nas rádios brasileiras, atingindo as posições nove e 21 na parada, respectivamente. O álbum rendeu um especial de fim de ano na Rede Globo, onde foram mescladas apresentações de um show gravado na praça da Apoteose no Rio de janeiro com video clips gravados com Caetano Veloso, Herbert Vianna e Tom Jobim. Anos mais tarde, o especial, até então inédito em vídeo, foi lançado em DVD para comemorar os quinze anos do lançamento do álbum. Em Julho de 1993, Daniela foi uma das principais atracções brasileiras no prestigiado Festival de Jazz de Montreux, na Suíça.

Alguns críticos consideram que "O Canto da Cidade" foi o precursor do movimento samba-reggae, logo chamado de axé music, que, em seguida, ganhou força em todas as regiões do país e permitiu que outros artistas do género tivessem destaque no cenário musical brasileiro. Acredita-se que, também, a partir deste álbum, o carnaval da Bahia passou a ter divulgação maciça na imprensa. Daniela experimentou, durante este período, um auge de popularidade pouco visto na história da indústria musical brasileira, sendo apelidada de "furacão da Bahia" e "rainha do axé".


1994–99: "Música de Rua" e "Feijão com Arroz"

Em 1994, Daniela lançou o terceiro álbum, intitulado "Música de Rua", através da Sony Music. As críticas foram duras, afirmando que a cantora copiara a fórmula do álbum anterior. No entanto, este álbum vendeu mais de um milhão de cópias e produziu dois singles que alcançaram o topo da parada, "Música de Rua" e "O Reggae e o Mar", e um que chegou ao 6° lugar, "Por Amor ao Ilê". Naquele mesmo ano, gravou com Ray Charles um comercial da Cerveja Antarctica em homenagem à Copa Mundial de Futebol da FIFA.

Em 1996, lançou o quarto álbum, "Feijão com Arroz". Produzido por Alfredo Moura, maestro e compositor brasileiro, reconhecido por Caetano Veloso como o urdidor da axé music, foi muito bem recebido quer pela crítica quer  pelo público, sendo considerado, pelo site AllMusic, o melhor da carreira da cantora. Os arranjos e a produção esmerada colaboraram para mostrar ao grande público um lado da cantora até então desconhecido. Entre as canções lançadas, estão os singles, que alcançaram o primeiro lugar das paradas, "À Primeira Vista", "Nobre Vagabundo" e "Rapunzel". As vendas de "Feijão com Arroz" chegaram perto da casa dos dois milhões de cópias, fazendo, deste, o segundo álbum mais vendido de toda a sua carreira.

O álbum ajudou a impulsionar a carreira internacional da cantora. Em Portugal, tornou-se um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos. Em França, vendeu cerca de 300 mil cópias- Daniela apresentou-se mesmo no teatro La Cigale. Em Nova Iorque, a cantora bateu recorde de público no Festival de Artes Latinas do Lincoln Center. Foi neste mesmo ano que a cantora decidiu levar o seu bloco - o tradicional Crocodilo - para o circuito então alternativo da Barra. A medida, de início ousada, acabou por tornar o circuito Barra-Ondina o principal do carnaval de Salvador. No ano seguinte, fez uma participação especial ao lado de Alceu Valença na telenovela Mandacaru, da extinta TV Manchete, onde interpretaram Lampião e Maria Bonita. No ano de 1998, lançou o seu primeiro álbum gravado inteiramente ao vivo, intitulado "Elétrica". Este álbum, produziu o número oito "Trio Metal" de autoria de Alfredo Moura, Renan Ribeiro, Marcelo Porciúncula e Daniela. No mesmo ano, Daniela participou na colectânea "Tropicália - 30 anos", onde interpretou "Alegria, Alegria", uma das canções de assinatura de Caetano Veloso. Nesse mesmo ano, o video clip de "Rapunzel" foi exibido nos intervalos dos jogos da Copa de Futebol em França tendo a cantora sido eleita a artista do verão pelo canal France 2, o maior canal público francês.

Em 1999, foi lançada a coletânea "Swing Tropical", o último álbum lançado através da Sony Music. Esta colectânea continha os maiores sucessos até então e uma regravação de "País Tropical", um dos maiores sucessos de Jorge Ben Jor, com os Olodum, sob a direção e produção de Alfredo Moura. Neste mesmo ano, Daniela fundou um dos principais trios eléctricos do carnaval de Salvador, o Trio Techno. No entanto, a cantora foi vaiada devido à estranheza do grande público para com a fusão com a música eletrónica. Contudo, aos poucos, foi alcançando a aceitação do público. Todos os anos, desde então, o trio é acompanhado por uma enorme multidão no percurso Barra-Ondina. Hoje, o carnaval de Salvador é repleto de DJs em blocos e camarotes.


2000–04: "Sol da Liberdade", "Sou de Qualquer Lugar" e "Carnaval Eletrónico"

No período de 2000 até 2004, Daniela lançou quatro álbuns através da BMG, onde, aos poucos foi propositadamente fugindo ao rótulo axé music para mostrar a sua versatilidade. O primeiro deles foi "Sol da Liberdade", em 2000, que vendeu quase um milhão de cópias e produziu dois números um: "Ilê Pérola Negra (O Canto do Negro)" e a regravação de "Como Vai Você" de Antônio Marcos. A música "Sol da Liberdade" conta com a participação de Milton Nascimento e a "Dara" com a participação da cantora beninense Angelique Kidjo. A outra canção lançada, "Santa Helena", atingiu a posição número vinte e seis, a pior da carreira de Daniela até então. O álbum inovou por fundir os tambores do samba-reggae, sempre presentes na musica de Daniela, com a música eletrónica (rap, funk lounge e house). O disco foi elogiado pela critica e a tournée foi a mais bem sucedida da cantora até então, chegando a receber uma elogiosa crítica do The New York Times aquando da sua passagem por Nova Iorque. No dia 12 de Janeiro de 2001, apresentou-se na noite de abertura do Rock in Rio III, para um público de 160 mil pessoas, com a sua tournée "Sol da Liberdade".

No ano seguinte, Daniela confirmou que permaneceria na linha de fusão com a música eletrócnica ao lançar "Sou de Qualquer Lugar". O álbum vendeu apenas metade do que o anterior, mas produziu o single que chegou ao primeiro lugar das paradas, "Mutante", escrito por Rita Lee e Roberto de Carvalho. As outras duas canções lançadas, "Beat Lamento" e "Estrelas", um dueto com Toni Garrido, atingiram posições bem inferiores na parada brasileira para os padrões de Daniela: números quinze e vinte, respectivamente. O álbum foi recebido com críticas negativas por parte da imprensa. Por romper com os estigmas e mergulhar em projectos tão díspares quanto instigantes, Daniela, certa vez, declarou: "Se invisto sempre no samba-reggae, dizem que sou repetitiva, "axezeira". Se parto para a MPB como fiz no Clássica, me acusam de prepotente. Se flirto com a eletrónica, me lançam pedras, afirmando que estou perdida. Eu sou uma cantora de música popular brasileira e tenho o direito de experimentar. Não sou acomodada. Tenho atitude e sei o que quero."

No mesmo ano, a cantora foi convidada para representar o Brasil na cerimónia de entrega do Prémio Nobel da Paz, onde cantou com Paul McCartney a canção "Let It Be". Em Abril de 2003, a cantora lançou o segundo álbum ao vivo, "MTV Ao Vivo - Electrodoméstico". O álbum foi gravado em 23 e 24 de Janeiro daquele ano na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador. A performance do show foi lançada em DVD, o primeiro de Daniela, com as participações de Carlinhos Brown, Olodum, Ilê Aiyê. As vendas foram inferiores às dos álbuns anteriores, porém duas das três canções lançadas experimentaram um sucesso moderado; "Meu Plano", de Lenine, e "Dona da Banca", que atingiram as posições número onze e dezassete na parada brasileira, respectivamente.

Em 2004, Daniela lançou "Carnaval Eletrônico", o último através da BMG, que se fundiria à Sony em Agosto do mesmo ano. Para a gravação deste álbum, Daniela convidou influentes DJs e produtores de música eletrónica, além de Gilberto Gil, Carlinhos Brown e Lenine. O lançamento do álbum coincidiu com a comemoração dos cinco anos da formação do Trio Techno. O disco vendeu cento e noventa mil cópias e produziu um single que chegou no 1° lugar das paradas, "Maimbê Dandá" (o último da cantora no país), canção ganhadora do troféu Dodô e Osmar. A outra canção lançada deste álbum, "Vou Batê Pra Tu", atingiu a posição de número 76° na parada do Brasil, tornando-se a canção de pior desempenho na parada. Ainda neste ano, participou das gravações do DVD MTV ao Vivo, de Ivete Sangalo, interpretando com ela um dueto na canção "Pan-americana". Também esteve presente nas gravações do DVD comemorativo dos 25 anos da Banda Eva, interpretando com Saulo Fernandes a canção "Anjo". No dia 5 de Junho de 2004, apresentou-se na penúltima noite do Rock in Rio Lisboa, com a sua tournée "Carnaval Eletrónico".


2005–07: "Clássica" e "Balé Mulato"

Em 2005, Daniela lançou o seu terceiro álbum ao vivo, "Clássica". Gravado em 2004, em São Paulo, a apresentação do álbum foi lançada em CD e DVD através da Som Livre. No álbum, interpreta canções de bossa nova, jazz e música popular brasileira. O álbum foi recebido com críticas positivas e negativas, sendo o de menor vendagem em toda a carreira da cantora. No mesmo ano, Daniela troca de gravadora e lançou o seu oitavo álbum de estúdio, "Balé Mulato", através da EMI. O álbum foi muito bem recebido pelos críticos, que chegaram a compará-lo com "Feijão com Arroz". Foi incluída, no álbum, a canção "Olha o Gandhi Aí", vencedora do Troféu Band Folia, como melhor música. No ano seguinte, "Levada Brasileira", outra canção do mesmo álbum, conseguiu repetir o feito. Ainda em 2005, Daniela, católica devota, foi desconvidada de um concerto de Natal no Vaticano devido à sua posição favorável ao uso de preservativos como forma de prevenção da SIDA. No entanto, de acordo com uma matéria publicada no site do Centro de Imprensa Independente, a cantora foi desconvidada do evento porque se iria pronunciar a favor do uso de preservativos para o público durante a performance no evento.

Em 2006, a cantora lançou, também através da EMI, o DVD "Baile Barroco", gravado ao vivo no carnaval de Salvador do ano anterior. Este DVD conta com as participações especiais de Gilberto Gil, Luiz Caldas e Ricardo Castro, numa inovadora performance em que a cantora substitui a banda pelo pianista de música clássica. A proposta causou certa polémica Brasil afora. Os defensores das tradições do carnaval baiano acusaram-na de querer "elegantizar" o popular. Em 17 de Setembro deste mesmo ano, gravou "Balé Mulato - Ao Vivo no Farol da Barra", em Salvador. A performance do show foi lançada nos formatos de DVD e CD. O show contou com as participações especiais da Banda Didá e das cantoras Gil e Mariene de Castro. Coube ao cineasta pernambucano Lírio Ferreira, a direção de imagens do DVD. "Balé Mulato - Ao Vivo" venceu o Grammy Latino de melhor álbum brasileiro de música regional ou de raízes, o primeiro de Daniela após quatro nomeações frustradas.

Em 2007, Daniela foi escolhida para participar num álbum de tributo ao maestro italiano Ennio Morricone. Também gravou, com Zé Ramalho, o dueto "Procurando a Estrela", que fez parte da trilha sonora da novela Caminhos do Coração da Rede Record, e foi convidada para cantar "Cidade Maravilhosa" e "Aquarela do Brasil" no final da cerimonia de abertura dos XV Jogos Pan-Americanos e dos III Jogos Parapan-Americanos, ambos realizados no Rio de Janeiro. No mesmo ano, participou das gravações do DVD "Cidade do Samba", onde interpretou, com João Bosco, a canção "De Frente Para o Crime". Daniela também esteve presente nas gravações do DVD "Beth Carvalho Canta o Samba da Bahia". No primeiro semestre do ano seguinte, fez participações nos DVDs "Ao Vivo em Copacabana" de Claudia Leitte - onde cantou com ela "Cidade Elétrica", música de trabalho de Claudia e "Cheiro Acústico" da Banda Cheiro de Amor, onde chamou a atenção da imprensa pela performance sensual de "Uma Noite e Meia", sucesso de Marina Lima, ao lado da vocalista da banda Alinne Rosa (a apresentação terminou com um selinho entre as duas cantoras). A Sony BMG relançou, em formato de box, o álbum "O Canto da Cidade" e o especial exibido pela Rede Globo em Dezembro de 1992.


2009–2013: "Canibália" e "Cabeça de Todos Nós"

A 19 de Novembro de 2007, a cantora lançou "Preta", que conta com a participação especial de Seu Jorge. A canção, que é fortemente influenciada pelo samba, foi uma das mais tocadas no Brasil durante o Carnaval. Para o Carnaval de 2009, Daniela gravou a canção "Oyá Por Nós", que escreveu com Alfredo Moura e Margareth Menezes. O tema, baseado na canção "Keto de Yansã", foi primeiramente usada por Moura na cerimónia de doutoramento honoris-causa de Gilberto Gil na Universidade de Aveiro, em Portugal. Depois disso, Moura usou o tema numa peça em Viena (Áustria), na Faculdade de Ciências Musicais. Um ano depois, mostrou o tema para Daniela, que não o conhecia e quis, imediatamente, grava-lo para o lançar no Carnaval. Ainda em 2009, a revista Rolling Stone Brasil nomeou Daniela como uma das 100 maiores artistas da música brasileira de todos os tempos. Dos nomes escolhidos pelo júri especializado, apenas 16 eram mulheres. Para finalizar 2009, Daniela lançou o seu novo álbum intitulado "Canibália", em Novembro. O álbum marca a sua volta ao estúdio depois de cinco anos. Preparado lentamente há quase três anos, "Canibália" chegou às lojas com cinco capas - projecto de Gringo Cardia - e cinco diferentes sequências musicais.

"Canibália", segundo a cantora, é um extenso projecto que combina música, dança, vídeo e artes plásticas - várias expressões de arte contempladas por ela. Em 2009, a sua tournée baptizada pelo título do novo álbum começou por São Paulo, três meses depois de a própria artista ter cancelado a estreia marcada para 17 de Abril de 2009. O motivo defendido foi a prorrogação do lançamento do CD, ocorrido no final do ano. "Canibália" já viajou por várias cidades brasileiras e também no exterior. A obra homenageia Carmen Miranda, no seu centenário, com músicas como "Tico-Tico no Fubá" e "O que é que a Baiana Tem?". Para o Carnaval de 2010, Daniela gravou "Andarilho Encantado", música lançada oficialmente no projecto especial da cantora Pôr do Som, show que a artista comanda há anos sempre no primeiro dia do ano no Farol da Barra, em Salvador. A letra é de sua autoria em parceria com Marcelo Quintanilha. Também em 2010, ano em que o trio eléctrico completa 60 anos ao axé music 25, a cantora chega aos 20 anos de carreira solo - com significativa vendagem de discos. Para comemorar a data, a imprensa aventou a possibilidade de Daniela rodar um filme documentário sobre essa invenção do carnaval baiano, o axé music, com destaque para os percussionistas.

Já em 2012, a cantora baiana havia despertado a atenção da escritora e feminista norte-americana Camille Paglia, a qual declarou, ao jornal inglês The Independent, que tinha uma "queda" pela estrela baiana. Paglia declarou, a uma emissora de televisão canadiana, que está "apaixonada por uma super estrela brasileira. Estou acompanhando o seu trabalho. Ela é Daniela Mercury. Na verdade, isso tem sido bem importante. Esse é o ponto em que estou na minha vida". Em entrevista à revista brasileira Veja, a intelectual revelou que pretende escrever dois livros sobre a cantora baiana. Em Fevereiro de 2013, a cantora foi convidada para uma entrevista ao programa Leading Women, da CNN Internacional, e foi anunciada pela emissora como a "Madonna brasileira". A atracção destaca as mulheres mais influentes do mundo nas suas áreas de actuação.

No final de 2013, lança o álbum "Daniela Mercury & Cabeça de Nós Todos", em parceria com o grupo Cabeça de Nós Todos, contando com canções como "Couchê", "Alma Feminina", "Paula e Bebeto", "Aquele Abraço" e "Cheia de Graça" são algumas das faixas que estão sendo apresentadas neste trabalho da artista. É um álbum urbano, de pop-rock, que não dispensa a assinatura rítmica de Daniela. Lançou, ainda, em parceria com a esposa Malu Verçosa o livro "Daniela e Malu, Uma História de Amor", que conta a história do relacionamento das duas desde o momento da amizade até ao casamento.


2014–presente: Televisão, Vinil Virtual e O Axé, a Voz e o Violão

Em 2014, foi mentora no The Voice Kids (versão do The Voice tradicional para crianças) de Portugal por ser muito conhecida em terras portuguesas. No mesmo ano, lançou o single "A Rainha do Axé (Rainha Má)", um ijexá eletrónico que fala da força da mulher, de amor e fé que foi cantada pelos foliões durante o carnaval de Salvador de 2015. Em Novembro de 2015, Daniela lançou o álbum "Vinil Virtual", com 15 faixas, sendo 10 feitas apenas por Daniela e as outras 5 em parceria com outros compositores, em produção por Daniela e Yacoce Simões. Há duas escritas com Marcelo Quintanilha, duas com o seu filho Gabriel Póvoas e uma com Simões. "Os compositores que mandaram canções para mim não traduziram o que eu queria dizer nesse momento". Daniela musicou dois poemas escritos para a sua esposa, "Maria Casaria" e "Sem Argumento".

Ainda em Novembro do mesmo ano, a artista gravou o seu sexto DVD da carreira. "O Axé, a Voz e o Violão", foi gravado no palco do Teatro Castro Alves, em Salvador. Mais de 4 décadas se passaram desde que a artista pisou pela primeira vez no palco sagrado do TCA. A obra é uma coprodução da editora e produtora de Daniela, a "Páginas do Mar", e o Canal Brasil, e foi lançada em Outubro de 2016. Daniela toca músicas apenas com voz e violão, indo desde sucessos de seu repertório a uma versão de "Como Nossos Pais". Com o toque do violão de Alexandre Vargas, Daniela trouxe para o formato acústico sucessos da MPB e do axé music. O registo do show foi viabilizado através de parceria da empresa da artista, Páginas do Mar, com o Canal Brasil. A capa foi criada pelo Estúdio Roda sobre foto de Célia Santos.


Filantropia

Atenta à realidade social brasileira e com grande desejo de contribuir para a preservação das nossas matrizes culturais, Daniela criou, em 2008, o seu Instituto Sol da Liberdade. Hoje, o ISL realiza, em parceria com o UNICEF e a ESPN Brasil, o projecto Caravana da Música. A Caravana da Música é um projecto itinerante que percorre o Brasil desde 2007, visitando uma cidade a cada mês. As cidades a ser visitadas são indicadas pelo UNICEF, de acordo ao IDH (índice de desenvolvimento humano) e ao IDI (índice de desenvolvimento da infância). Em cada uma das cidades visitadas, a Caravana da Música ergue uma grande infraestrutura onde oferece a 3000 crianças uma vivência inédita com a dança, a música, o teatro, a construção de instrumentos, a arte circense e outras diversas experiências artísticas. Além de atender às crianças, a Caravana da Música oferece também formação em Arte Educacional para 250 professores da rede pública de cada um dos municípios visitados. A Caravana da Música já atendeu directamente mais de 50 mil crianças e 30 mil professores. Considerando que cada professor da rede pública formado pela Caravana se transforma num multiplicador da Arte Educacional, a estimativa é que a Caravana da Música já tenha atingido, indirectamente, mais de meio milhão de brasileirinhos. Toda a acção da Caravana da Música pelo interior do país é registada pela equipa da ESPN Brasil que, mensalmente, exibe um documentário sobre a actuação do projecto. O documentário é exibido no Brasil e em mais 157 países.

Além de presidir ao Instituto Sol da Liberdade, Daniela é ainda embaixadora nacional da boa vontade do UNICEF, título que recebeu em 1995, quando se tornou a segunda personalidade brasileira a receber tal honra. Também já participou em vários shows beneficientes em prol das crianças, dentre eles o Criança Esperança da UNICEF/Rede Globo e o Teleton da AACD/SBT. Parte dos direitos do álbum "Eléctrica" de 1998 foram doados à UNICEF. É também embaixadora do Instituto Ayrton Senna. Daniela também já participou de outros projectos beneficentes, não ligados directamente às crianças. A 7 de Outubro de 2003, participou do show Solidariedade Brasil-Noruega em prol do Fome Zero no Teatro Nacional, em Brasília. É ligada também à ONG América Latina em Acção Solidária (ALAS), tendo participado em Setembro de 2007 de uma campanha publicitária promovendo ajuda aos desabrigados pelo terremoto no Peru. Em 2013, foi convidada para participar da campanha mundial da ONU, Free & Equal (Livres e Iguais), juntamente com Ricky Martin e outros artistas internacionais.


Vida pessoal

Em 1984, aos dezanove anos de idade, casou-se com o engenheiro electrónico Zalther Portela Laborda Póvoas. Um ano mais tarde, a 3 de Setembro de 1985, deu à luz Gabriel Póvoas, o primeiro filho. No ano seguinte, nasceu Giovana. Em 1996, Mercury e Póvoas separaram-se. Em 1996, foi apontada pela imprensa rosa como a pivô da separação de Chico Buarque e Marieta Severo. Em entrevista à revista IstoÉ, Daniela declarou que "foi uma leviandade o que fizeram, uma irresponsabilidade que causou um grande tumulto na minha vida e na vida dos dois. Foi desagradável demais. Foi uma inconsequência que não fez bem para ninguém". Em 2007, a coluna "Retratos da Vida", do jornal carioca Extra, divulgou que Daniela Mercury estaria namorando uma arquitecta residente na cidade de Nova Iorque.

Daniela foi casada durante três anos com o publicitário italiano Marco Scabia, de quem se separou no final de 2012. Em 3 de Abril de 2013, Daniela postou uma foto no site de redes sociais Instagram com a sua esposa actual, a jornalista Malu Verçosa. A cantora declarou publicamente o seu relacionamento homo afetivo com a frase: "Malu agora é minha esposa, minha família, minha inspiração para cantar".


Discografia







Daniela Mercury

Ilê Pérola Negra

  

O canto do negro veio lá do alto
É belo como a íris dos olhos de Deus, de Deus
E no repique, no batuque, no choque do aço
Eu quero penetrar no laço afro que é meu, e seu
Vem cantar meu povo, vem cantar você
Bate os pés no chão moçada
E diz que é do Ilê Aiyê

Lá vem a negrada que faz o astral da avenida
Mas que coisa tão linda, quando ela passa me faz chorar (bis)

Tú és o mais belo dos belos, traz paz, riqueza
Tens o brilho tão forte por isso te chamo de pérola negra (bis)

Êêê, pérola negra
Pérola negra Ilê Aiyê
Minha pérola negra

Êêê, pérola negra
Pérola negra Ilê Aiyê
Minha pérola negra

Lá vem a negrada que faz o astral da avenida
Mas que coisa tão linda, quando ela passa me faz chorar

Lá vem a negrada que faz o astral da avenida
Mas que coisa tão linda, quando ela passa me faz chorar

Tu és o mais belo dos belos, traz paz, riqueza
Tens o brilho tão forte por isso te chamo de pérola negra

Com sutileza cantando e encantando a nação
Batendo bem forte cada coração
Fazendo subir a minha adrenalina

Como dizia Buziga
É de mim
Em me pé nagô de Ilê
É de mim
Em me pé nagô de Ilê Aiyê

Êêê, pérola negra
Pérola negra Ilê Aiyê
Minha pérola negra
Tu és o mais belo dos belos, traz paz, riqueza
Tens o brilho tão forte por isso te chamo de pérola negra
Êêê, pérola negra
Pérola negra Ilê Aiyê
Minha pérola negra
Tu és o mais belo dos belos, traz paz, riqueza
Tens o brilho tão forte por isso te chamo de pérola negra
Como dizia Buziga
É de mim
Em me pé nagô de ilê
É de mim
Em me pé nagô de Ilê Aiyê

Êêê, pérola negra
Pérola negra Ilê Aiyê
Minha pérola negra

Êêê, pérola negra
Pérola negra Ilê Aiyê
Minha pérola negra






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