sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Charles Trenet - La Mer






Charles Trenet - nascido em Narbona, a 18 de Maio de 1913, e falecido em Créteil, a 19 de Fevereiro de 2001 - foi um cantor francês.

"Quem veio ao meu show está dispensado de ir ao meu enterro", disse Charles Trenet, pouco antes de morrer, na sua última apresentação na sala Pleyel (Paris, Abril de 2000).

Vítima de preconceito por assumir abertamente a sua homossexualidade e obrigado a provar que não era judeu na França ocupada pelos alemães, Trenet produziu uma série de hits. Um deles - Douce France - virou hino da Resistência, durante a ocupação nazi.

Cantor, compositor, letrista de cerca de mil canções, artista plástico, poeta e escritor, revolucionou a música francesa nos anos 40 com versos inspirados e estética semelhante aos poemas de Paul Éluard e Jacques Prévert. Por sua vez, influenciou compositores e intérpretes que lhe sucederam, como Charles Aznavour, Jacques Brel e Georges Brassens.


Infância solitária

Louis-Charles-Augustin-Claude Trenet nasceu em Narbona, em 18 de maio de 1913, filho do tabelião Lucien, um melômano que orientou os filhos no caminho da música, e de Marie Louise. Teve um irmão mais novo, Antoine. A mãe abandonou a família quando Charles tinha 7 anos para seguir o famoso cenarista e realizador de cinema Benno Vigny.

Em 1922, morando em Perpignan, onde cresceu, Charles é enviado para um internato em Beziers onde é submetido a sofrimentos psicológicos intensos. Convalescendo de uma febre tifóide, volta para casa, quando emerge sua sensibilidade artística (modelagem, música e pintura).


Experiência Alemã

Aos 15 anos, muda-se para Berlin para viver com a mãe e o já segundo marido, Benno Vigny, que lhe ofereceu a possibilidade de frequentar uma escola de arte, onde passa a circular entre as celebridades do cinema alemão.

En 1930, volta à França e, com a permissão do pai, entra para a Ecole des Arts Décoratifs. Terminado o curso, trabalha como assistente de direção e assessor nos estúdios cinematográficos franceses. Ali conhece Antonin Artaud, Jean Cocteau e Max Jacob e tem os seus primeiros poemas e livros editados.

Benno Vigny volta a Paris com Marie-Louise, para rodar um filme musical. Para trabalhar na equipa como compositor das quatro canções que faziam parte do roteiro, Charles matricula-se e passa no exame da SACEM (espécie de sindicato francês de músicos, compositores e editores)


Charles e Johnny

En 1933, conhece um jovem pianista, Johnny Hess, com quem forma o duo "Charles et Johnny". A dupla compõe jingles publicitários para rádio e fazem muito sucesso mesclando música francesa tradicional com as tendências modernas. Charles escreve, Johnny compõe. A parceria rende 16 títulos e um contrato com a gravadora Disques Pathé.

O duo acaba com a chegada do serviço militar obrigatório para os dois artistas mas, antes de partir, deixam para Jean Sablon gravar uma canção feita em cinco minutos - letra rabiscada num guardanapo de papel - a obra-prima "Vous qui passez sans me voir".


Nasce o showman

Maurice Chevalier, impressionado com a popularidade de Trenet, decidiu colocar no seu repertório uma canção que achava "meio sem pés nem cabeça", "Y'a d'la Joie", sucesso estrondoso e imediato nos vaudevilles de Paris.

A grande visibilidade leva Trenet a interpretar as suas próprias canções. Para isso, cria um visual original usando a sua experiência de artista plástico: aba do chapéu arredondada como uma auréola (para disfarçar o rosto redondo), terno vermelho e sorriso constante iluminado pelos olho azuis: um showman de primeira qualidade.


Glória Nacional

Durante a segunda guerra mundial, mesmo sendo um homem marcado pelas suas preferências sexuais e pela amizade com artistas judeus, Charles Trenet resolve continuar em França. As suas canções, verdadeiros hinos à liberdade, são censuradas pelo governo de Vichy. "Douce France" torna-se o hino da Resistência.

A imprensa colaboracionista sugeriu que o sobrenome Trenet seria um anagrama de Netter. pelo que teve que provar que em quatro gerações da sua família não havia nenhum judeu. 

Em 1943, em viagem de comboio para Perpignan, Trenet compõe "La Mer", que ficou 3 anos nas paradas.Ferido por membros da Gestapo durante um interrogatório, torna-se uma glória nacional.


Fama mundial, traição doméstica

Terminada a guerra, Charles Trenet parte para conquistar os Estados Unidos, onde se torna amigo de George Gershwin, de Duke Ellington, de Louis Armstrong, Chaplin e da dupla "Bucha e Estica". Em seguida veio o resto do mundo. Charles Trenet esteve várias vezes no Brasil, entre 1947 e 1955, onde a sua popularidade era imensa.

O sucesso durou até aos anos 60, quando a febre do rockn'roll alcançou a França dando lugar a Johnny Holliday, Richard Anthony e Françoise Hardy.

Em 1963, foi vítima de uma "armadilha", encenada pelo ex cozinheiro-motorista-secretário que o acusava de recrutar jovens efebos para partcipar en "festas íntimas". Ficou preso para averiguações durante um mês tendo sido, depois do julgamento, condenado ao cumprimento de um ano de prisão e ao pagamento de uma multa de dez mil francos, sendo beneficiado com sursis. Durante a estadia na prisão escreveu uma prece para os prisioneiros e uma canção para o carcereiro.

Em 1977, a morte da mãe, com quem mantinha forte ligação, deixou-o recluso por dez anos. Esta semi-aposentadoria acontece numa mansão no sul da França, onde escreveu muitos romances e um livro de memórias: "Mes jeunes années" (Anos de Juventude).


Duplo preconceito

Em 1983, lançado candidato à Academia Francesa, sofreu duplo preconceito: foi impedido por não compor música "com cabeça" e por ser homossexual declarado. Mas, em contrapartida, recebeu muitas homenagens, como a Légion d'Honneur e o Grand Prix National des Arts et Lettres.

Retomando a carreira em 1987, lançou, dois anos depois, o seu último disco sempre com a mesma temática - infância, alegria e amor - e engajou-se na campanha de François Mitterrand e Jack Lang na eleição presidencial de 1988.


Últimas aparições

Aos 85 anos, em Julho de 1998, canta no festival de Nyon, na Suíça, para uma platéia de 20 mil pessoas que faz coro (por conhecer de cor) o seublendário repertório.

Depois, na Sala Pleyel, em Paris, o público emocionado também aplaudiu, com emoção, o ídolo que se movimenta com muita dificuldade, mas canta com o mesmo entusiasmo dos vinte anos.

Em Abril de 2000, o cantor sofreu um acidente cardiovascular. Restabeleceu-se e compareceu à inauguração do pequeno museu instalado na sua casa natal, em Narbona. Situado na Avenida Charles Trenet 13, objectos, partituras e fotos do seu percurso artístico levam o visitante a conhecer a sua vida familiar, evocando em particular a figura da mãe, Marie Louise, que ali viveu muito tempo.


O poeta voou

Charles Trenet desejava morrer como um poeta: "Eu quero ir voando", dizia, ao falar da morte. E assim foi: voou em paz, durante o sono, na madrugada do domingo 19 de Fevereiro de 2001. Ao saber da sua morte, o presidente da França, Jacques Chirac, declarou: "Trenet era símbolo de uma França sorridente e criativa, figura muito próxima de cada um de nós".





Nota: o presente post recolheu informação da Wikipedia, do Youtube e letrasmusica.br






Charles Trénet

La Mer



La mer
Qu'on voit danser le long des golfes clairs
A des reflets d'argent
La mer
Des reflets changeants
Sous la pluie

La mer
Au ciel d'été confond
Ses blancs moutons
Avec les anges si purs
La mer bergère d'azur
Infinie

Voyez
Près des étangs
Ces grands roseaux mouillés
Voyez
Ces oiseaux blancs
Et ces maisons rouillées

La mer
Les a bercés
Le long des golfes clairs
Et d'une chanson d'amour
La mer
A bercé mon coeur pour la vie




Sem comentários:

Enviar um comentário