quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Carlos Paredes - Verdes Anos






Carlos Paredes - nascido em Coimbra, a 16 de Fevereiro de 1925, e falecido em Lisboa, a 23 de Julho de 2004 - foi um compositor e guitarrista português.

Paredes foi agraciado com a Ordem Militar de Sant'Iago da Espada - de seu nome completo Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico - que é uma Ordem honorífica portuguesa que herdou o nome da Ordem de Santiago, extinta em 1834, e que é concedida por mérito literário, científico e artístico. Foi uma das Ordens restauradas em 1918.

Paredes foi um dos grandes guitarristas lusitanos e é um símbolo ímpar da cultura portuguesa. É um dos principais responsáveis pela divulgação e popularidade da guitarra portuguesa e grande compositor. Carlos Paredes é um guitarrista que para além das influências dos seus antepassados - pai, avô, e tio, tendo sido o pai, Artur Paredes, o grande mestre da guitarra de Coimbra - mantém um estilo coimbrão, a sua guitarra é de Coimbra, e própria afinação era do Fado de Coimbra. A sua vida em Lisboa marcou-o e inspirou-lhe muitos dos seus temas e composições. Ficou conhecido como O mestre da guitarra portuguesa ou O homem dos mil dedos.


Vida

Filho do famoso compositor e guitarrista mestre Artur Paredes, neto e bisneto de guitarristas, Gonçalo Paredes e António Paredes, começou a estudar guitarra portuguesa aos quatro anos com o seu pai, embora a mãe preferisse que o filho se dedicasse ao piano. Frequenta o Liceu Passos Manuel, começando também a ter aulas de violino na Academia de Amadores de Música. Na sua última entrevista, recorda: "Em pequeno, a minha mãe, coitadita, arranjou-me duas professoras de violino e piano. Eram senhoras muito cultas a quem devo a cultura musical que tenho".

Em 1934, a família muda-se para Lisboa, o pai era funcionário do BNU, e vem transferido para a capital. Abandona a aprendizagem do violino para se dedicar, sob a orientação do pai, completamente à guitarra. Carlos Paredes fala com saudades desses tempos: "Neste anos, creio que inventei muita coisa. Criei uma forma de tocar muito própria que é diferente da do meu pai e do meu avô".

Carlos Paredes inicia em 1949 uma colaboração regular num programa de Artur Paredes na Emissora Nacional e termina os estudos secundários num colégio particular. Não chega a concluir o curso liceal e inscreve-se nas aulas de canto da Juventude Musical Portuguesa, tornando-se, em 1949, funcionário administrativo do Hospital de São José.

Em 1958, é preso pela PIDE por fazer oposição a Salazar, e é acusado de pertencer ao Partido Comunista Português, do qual era de facto militante, sendo libertado no final de 1959 e expulso da função pública, na sequência do seu julgamento. Durante este tempo, andava de um lado para o outro da cela fingindo tocar música, o que levou os companheiros de prisão a pensar que estaria louco - de facto, o que ele estava a fazer, era compor músicas, na sua cabeça. Quando voltou para o local onde trabalhava no Hospital, uma das ex-colegas, Rosa Semião, recorda-se da mágoa do guitarrista devido à denúncia de que foi alvo: «Para ele foi uma traição, ter sido denunciado por um colega de trabalho do hospital. E contudo, mais tarde, ao cruzar-se com um dos homens que o denunciou, não deixou de o cumprimentar, revelando uma enorme capacidade de perdoar!»

Em 1962, é convidado pelo realizador Paulo Rocha, para compor a banda sonora do filme "Os Verdes Anos": «Muitos jovens vinham de outras terras para tentarem a sorte em Lisboa. Isso tinha para mim um grande interesse humano e serviu de inspiração a muitas das minhas músicas. Eram jovens completamente marginalizados, empregadas domésticas, de lojas - Eram precisamente essas pessoas com que eu simpatizava profundamente, pela sua simplicidade». Recebeu um reconhecimento especial por “Os Verdes anos”.

Tocou com muitos artistas, incluindo Charlie Haden, Adriano Correia de Oliveira e Carlos do Carmo. Escreveu muitas músicas para filmes e, em 1967, gravou o seu primeiro LP "Guitarra Portuguesa".

Quando os presos políticos foram libertados depois do 25 de Abril de 1974, eram vistos como heróis. No entanto, Carlos Paredes sempre recusou esse estatuto, dado pelo povo. Sobre o tempo que esteve preso nunca gostou muito de o comentar. Dizia «que havia pessoas, que sofreram mais do que eu!». É reintegrado no quadro do Hospital de São José e percorre o país, actuando em sessões culturais, musicais e políticas em simultâneo, mantendo sempre uma vida simples, e, por incrível que possa parecer, a sua profissão de arquivista de radiografias. Várias compilações de gravações de Carlos Paredes são editadas, estando desde 2003 a sua obra completa reunida numa caixa de oito CDs.

A sua paixão pela guitarra era tanta que - conta o proprio - certa vez, a sua guitarra se perdeu numa viagem de avião e ele confessou a um amigo que «pensou em se suicidar».

A 10 de Junho de 1992 foi feito Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

Uma doença do sistema nervoso central, (mielopatia), impediu-o de tocar durante os últimos 11 anos da sua vida. Morreu a 23 de julho de 2004 na Fundação Lar Nossa Senhora da Saúde em Lisboa, sendo decretado Luto Nacional. Foi sepultado no Talhão dos Artistas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.

"Quando eu morrer, morre a guitarra também." (Carlos Paredes)

O meu pai dizia que, quando morresse, queria que lhe partissem a guitarra e a enterrassem com ele.
Eu desejaria fazer o mesmo. Se eu tiver de morrer.”


Obras

Álbuns

1967 «Guitarra portuguesa»
Com acompanhamento de Fernando Alvim, "Guitarra Portuguesa" foi registado no estúdio de Paço de Arcos da Valentim de Carvalho pelo mítico engenheiro de som Hugo Ribeiro. Distanciando-se da tradição formalista da guitarra de Coimbra, explorando de modo inspirado a arte da miniatura melódica, Paredes revela-se um compositor delicado e um instrumentista fulgurante. Depois deste álbum, a guitarra nunca mais foi a mesma.

Variações em Ré maior
Porto Santo
Fantasia
Melodia N.2
Dança
Canção verdes anos
Divertimento
Romance N.1
Romance N.2
Pantomima (sem acompanhamento)
Melodia N.1
(Acompanhamento à viola de Fernando Alvim)


1971 «Movimento perpétuo»
Ao segundo álbum, Carlos Paredes provava que o primeiro não havia sido um acaso. "Movimento Perpétuo" era o som de um perfeccionista em controlo absoluto, capaz de construir delicadas filigranas de improvável sustentação, sem nunca perder de vista a economia.

Movimento perpétuo
Variações em ré menor
Danças portuguesas N.2
Variações em mi menor
Fantasia N.2
Valsa
Variações sob uma dança popular
Mudar de vida - tema
Mudar de vida - música de fundo
António Marinheiro - tema da peça
Canção

1980 – “O oiro e o trigo” (editado na RDA)

1983 «Concerto em Frankfurt»
Canto do amanhecer
Canto de trabalho
Canto de embalar
Canto de amor
Canto de rua
Canto de rio
A montanha e a planície
Dança palaciana
Sede
Dança dos camponeses
In Memoriam
Festa da Primavera
Variações


1987 «Espelho de Sons»
Coimbra e o Mondego: Variações
- Variações sobre o Mondego, de Gonçalo Paredes
- Variações em Ré Menor, de Artur Paredes
- Variações em Lá Menor, de Artur Paredes
Os amadores: Desenho duma melodia
- Amargura
- O discurso
A canção: Melodia para um poeta
- Canção de Alcipe
O teatro: A noite
- O fantoche
Lisboa e o Tejo: Canto do amanhecer
- Serenata
- Dança palaciana
- Canto de trabalho
- Jardins de Lisboa (Verdes anos)
- Canto de rua
- Canto do rio
A dança: Prólogo - Abertura para um bailado
- Raiz (Dança melancólica)
- Dança de camponeses
A mãe e o lar: Canto de embalar
- Canto de amor
Contrastes: Sede
- Canto da primavera

1989 «Asas Sobre o Mundo»
Asas sobre o mundo
Nas asas da saudade
Canto do amanhecer
Canto de rua
Canto de trabalho
Canto de amor
Verdes anos
Canto de embalar
Dança dos camponeses
Marionetas
Raiz
Sede
Canto de primavera
Variações sobre o Mondego
Variações sobre o Mondego N.1
Variações sobre o Mondego N.2
Canto do Tejo
Serenata no Tejo
Fado moliceiro
Desenho duma melodia
O discurso
A noite
Amargura
1994 - «O Melhor dos Melhores»
1996 – “Na corrente” (compilação de material inédito)

2000 «Canção para Titi: Os inéditos 1993»
Memórias
Valsa diabólica
Uma canção para minha mãe
Escadas do quebra costas
Canção para Titi
Mar Goês
Arcos do jardim
Arco de Almedina
Discurso


Álbuns em colaboração

1970 – “Meu país”, de Cecília Melo

1975 – “É preciso um país”, com Manuel Alegre

1986 «Invenções Livres», com António Vitorino d'Almeida
Improviso 1
Improviso 2

1990 – “Dialogues”, com Charlie Haden


Antologias

1998 – O Melhor de Carlos Paredes: Guitarra

2002 - Uma Guitarra com Gente Dentro

2003 - O Mundo segundo Carlos Paredes (obra completa)

2010 - A Voz da Guitarra


EPs
1962 – "Variações em Si Menor / Serenata / Variações em Lá Menor / Danças"
1963 – “Guitarradas sob o Tema do Filme «Verdes Anos»”


Filmes
A música de Carlos Paredes, composta com esse fim ou não, foi utilizada em diversos filmes:

1960 – “Rendas de metais preciosos” de Cândido da Costa Pinto
1962 – “Verdes anos” de Paulo Rocha e “P.X.O.” de Pierre Kast e Jacques Doniol-Valcroze
1964 – “Fado corrido” de Jorge Brum do Canto
1965 – “As pinturas do meu irmão Júlio” de Manoel de Oliveira
1966 – “Mudar de vida” de Paulo Rocha e “Crónica do esforço perdido” de António de Macedo
1968 – “A cidade” de José Fonseca e Costa e Tráfego e estiva” de Manuel Guimarães
1969 – “The Columbus route” de José Fonseca e Costa e “Na corrente” (documentário para a televisão) de Augusto Cabrita, composto de improviso
1970 – “Hello Jim” de Augusto Cabrita
2006 - “Movimentos Perpétuos: Tributo a Carlos Paredes” de Edgar Pêra


Outros

1971 - Paredes compôs a música para a peça “O avançado centro morreu ao amanhecer” de Augustin Cuzzani encenada pelo Grupo de Teatro de Campolide
1982 – “Danças para uma guitarra”, coreografia de Vasco Wellenkamp sobre música de Carlos Paredes
1984 - Compôs a música para a peça “O Avarento”, de Molière, produção do Teatro Na Caixa, encenada por Adolfo Gutkin
1989 – Paul McCartney integra o tema “Dança” na música ambiente da sua digressão mundial
1991 – Acompanhado por Luísa Amaro, é convidado especial dum concerto que os Madredeus realizaram no Coliseu dos Recreios de Lisboa, posteriormente editado com o título “Lisboa”
1992 – A RTP grava um espectáculo de Carlos Paredes (acompanhado por Luísa Amaro e Fernando Alvim) e com a participação entre outros de Nuno Guerreiro, Mário Laginha e Rui Veloso




Nota: o presente post recolheu informação da Wikipedia, do Youtube e de letras.mus.br





Nota: dado o tema ser instrumental, não tem, logicamente, letra.



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