quarta-feira, 20 de maio de 2015

Antonio Variações - O corpo é que paga






António Joaquim Rodrigues Ribeiro, conhecido por António Variações - nascido no Lugar de Pilar, Fiscal (Amares), a 3 de Dezembro de 1944, e falecido em Lisboa, a 13 de Junho de 1984, foi um cantor e compositor português do início dos anos 1980. A sua curta discografia continuou a influenciar a música portuguesa nas décadas posteriores ao seu precoce desaparecimento, com 39 anos.

Variações nasceu no Lugar de Pilar, uma pequena aldeia da freguesia de Fiscal no município de Amares, distrito de Braga. Filho dos camponeses Deolinda de Jesus e Jaime Ribeiro, Tonito (como a mãe lhe chamava) tinha onze irmãos, embora dois deles tenham falecido muito cedo. A sua infância foi dividida entre os estudos e o trabalho no campo, para ajudar os pais. Jaime tocava cavaquinho e acordeão e foi a primeira inspiração de Variações, que desde cedo revelou a sua paixão pela música nas romarias e no folclore locais.

Aos onze anos, teve o seu primeiro emprego, em Caldelas, e, um ano depois, partiu para Lisboa. Aí, trabalhou como aprendiz de escritório, barbeiro, balconista e caixeiro. Seguiu-se o serviço militar em Angola e a aventura pelo estrangeiro: Londres em 1975 e Amesterdão meses depois, onde descobriu um novo mundo, querendo trazer para Portugal uma nova maneira de viver. Foi nesta última cidade que aprendeu a profissão de barbeiro que, mais tarde, exerceu em Lisboa, quando voltou.

Com a ajuda do amigo e colega Fernando Ataíde, Variações foi admitido no Ayer, o primeiro cabeleireiro unissexo a funcionar em Portugal. Ataíde era igualmente seu amante e Variações assumiu dessa forma a sua orientação sexual. Depois do Ayer, passou ainda por um salão no Centro Comercial Alvalade e só mais tarde abriu uma barbearia na Baixa lisboeta.

Entretanto, deu igualmente início aos espectáculos com o grupo Variações, atraindo rapidamente as atenções. Por um lado, o seu visual excêntrico não passava despercebido e, por outro, o seu estilo musical combinava vários géneros, como o rock, o pop, os blues ou o fado. Em 1978, apresentou-se à editora Valentim de Carvalho e assinou contrato.

A discoteca Trumps ou o Rock Rendez-Vous foram os locais onde Variações se apresentou ao público. Em 1981, sem ter até aí editado qualquer música, participou no programa de televisão de Júlio Isidro, O Passeio dos Alegres. A sua música e o seu estilo próprio e inconfundível fizeram com que depressa alcançasse uma fama razoável.

Editou o primeiro single com os temas "Povo que Lavas no Rio", de Amália Rodrigues (a sua maior referência), e "Estou Além". De seguida, gravou o seu primeiro LP, "Anjo da Guarda" com dez faixas, todas de sua autoria, onde se destacaram os êxitos "É p´ra Amanhã" e "O Corpo É que Paga".

Em 1984, lançou o seu segundo trabalho, intitulado "Dar e Receber". Era Fevereiro e, dois meses depois, a 22 de Abril, Variações daria um concerto, na aldeia de Viatodos, concelho de Barcelos, durante as festas da "Isabelinha". Depois disso, aparece pela última vez em público no programa televisivo "A Festa Continua" de Júlio Isidro. Será a única interpretação no pequeno ecrã das faixas do novo disco, usando o mesmo pijama com ursinhos e coelhinhos que usou na sua primeira aparição televisiva. 

Variações ainda \cantou na Queima das Fitas de Coimbra de 1984, no dia 17 de Maio, na Noite da Psicologia, já gravemente doente, sendo que os seus amigos e familiares deixaram de receber notícias do cantor, que ficou hospedado, por alguns dias, em casa de um amigo até ter sido levado para o Hospital Pulido Valente no dia 18 de Maio devido a um problema brônquico-asmático.

Quando "Canção de Engate" invadiu as rádios, já António Variações se encontrava internado no hospital. Transferido para a Clínica da Cruz Vermelha, morreu a 13 de Junho, vítima de uma broncopneumonia, provavelmente causada pela SIDA. O actor holandês Jelle Balder, com quem também manteve um relacionamento amoroso, foi o seu ultimo companheiro. Especula-se que terá sido a primeira figura pública portuguesa a morrer vítima de SIDA.

Vinte anos após a sua morte, em Dezembro de 2004, foi lançado um álbum em sua homenagem, com canções da sua autoria que nunca tinham sido editadas. Sete conhecidos músicos portugueses formaram a banda Humanos e gravaram 12 músicas seleccionadas de um conjunto de cassetes "perdidas" no património de Variações administrado pelo irmão, Jaime Ribeiro.

Em entrevista, António Variações explicou o nome escolhido: "Variações é uma palavra que sugere elasticidade, liberdade. E é exactamente isso que eu sou e que faço no campo da música. Aquilo que canto é heterogéneo. Não quero enveredar por um estilo. Não sou limitado. Tenho a preocupação de fazer coisas de vários estilos."

Discografia

Singles
1982 - Povo que lavas no rio/Estou além
1983 - É p'ra amanhã…/Quando fala um português…
1997 - Canção de engate [Póstumo]
1997 - O corpo é que paga (remistura de Nuno Miguel) [Póstumo]
1998 - Minha cara sem fronteiras - entre Braga e Nova Iorque [Póstumo]

Maxi-singles
1982 - Povo que lavas no rio/Estou além
1983 - É p'ra amanhã…/Dar e receber (promo)

Álbuns
1983 - Anjo da guarda
1984 - Dar & Receber
1998 - Anjo da guarda [Póstumo. Remasterizado, inclui faixa extra "Povo que lavas no rio"]
2000 - Dar & receber [Póstumo. Remasterizado, inclui três versões (duas remisturas) do inédito "Minha cara sem fronteiras"]

Compilações
1997 - O melhor de António Variações [Compilação/best-of]
2006 - A história de António Variações - entre Braga e Nova Iorque [Compilação. Inclui demos inédito]

Versões
1987 - Delfins - Canção de Engate
1989 - Lena D'Água - Tu Aqui [álbum com inéditos de Variações]
1994 - Variações - As canções de António [álbum tributo]
1995 - Amarguinhas - Estou Além
1995 - Íris - Estou Além
1996 - MDA - Dar & Receber
1996 - MDA - Estou Além
2004 - Humanos - Humanos [álbum de inéditos de Variações]
2004 - Donna Maria - Estou Além
2004 - Funkoffandfly - Dar e receber
2005 - RAMP - Anjinho da Guarda
2008 - André Sardet - Anjinho da Guarda
2012 - Tiago Bettencourt - Canção de Engate




Nota: o presente post recolheu informação da Wikipedia, Youtube e Letras.mus.br






António Variações

O Corpo É Que Paga



Quando a cabeça….
Quando a cabeça não tem juizo
Quando te esforças mais do que é preciso
O corpo é que paga
O corpo é que paga
Deixa´ó pagar deixa´ó pagar
Se tu estás a gostar
Quando a cabeça não se liberta
Das frustaçoes inibiçoes toda essa força
Que te aperta o corpo é que sofre
As privaçoes mutilaçoes (lap tap tere ...)

Quando a cabeça está convencida
De que ela é a oitava maravilha
O corpo é que sofre
O corpro é que sofre
Deixa´ó sofrer deixa´ó sofre
Se isso te dá prazer

Quando a cabeça está nessa confusão
Já sem saber que hás-de fazer, e já és tudo o que te vem à mão
O corpo é que fica
Fica a cair sem resistir (lap tap tere ...)

Quando a cabeça rola pro abismo
Tu não controlas esse nervosismo
A unha é que paga
A unha é que paga
Não paras de roer
Nem que esteja a doer

Quando a cabeça não tem juizo
E tu não sabes mais do que é preciso
O corpo é que paga
O corpo é que paga
Deixa´ó pagar deixa´ó pagar
Se tu estás a gostar
Deixa´ó sofrer deixa´ó sofrer
Se isso te dá prazer
Deixa´ó cantar deixa´ó cantar
Se tu estás a gostar
Deixa´ó beijar deixa´ó beijar
Se tu estás a gostar
Deixa´ó gritar deixa´ó gritar
Se tu estás a libertar




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